terça-feira, 24 de maio de 2011

Eles, Palocci. Nós, pagliaccios


Algumas pessoas me deixam enrubescido quando dizem que eu consegui dizer algo que elas gostariam de ter dito. Isto para mim é um enorme elogio, pois que comprova que o ciclo de comunicação se completou com êxito. Como emissor, cumpro minha missão apenas quando o receptor demonstra a compreensão do que foi emitido. Outros leitores (são poucos, eu confesso, mas os melhores possíveis) costumam me dizer que algo faltou, mas que a ideia foi passada. Há um, apenas um, o lendário Pedro Macedo, que quando gosta de algum escrito meu, me xinga dizendo-se fulo da vida pelo fato dele não ter sido o autor do que acabara de ler. Todos me dão alento e acabam fazendo-me chafurdar no noticiário em busca de compreensão e de conexões que eles gostariam de ler ou escrever.

Vamos a dois casos recentes, que me mostram tanto um dissabor pela absoluta falta de novidade quanto um asco pela impressionante lacuna de caráter dos entes públicos em tudo que é canto. O sistema de governo da turma do PT no RS, por exemplo, será muito diferente dos anteriores, até mesmo do pré-cambriano Olívio Dutra. Tarso Genro quer dinheiro, muito dinheiro. Diz ele que é para sanar a previdência do Estado, melhorar salários, aumentar contratações e movimentar a economia. Como diriam nossos irmãos do norte, tudo "bullshit". Tarso quer dinheiro para tentar fazer o mesmo que Lula, comprando corações e mentes a preço de banana via bolsa família. Tarso quer dinheiro para aumentar a lubrificação da máquina do PT e suas ramificações sindicais e pelegas. Tarso quer mais e mais dinheiro, pois nem ele nem o PT têm a menor ideia de como se governa com recursos limitados. O que o PT de Tarso quer mesmo é tentar reeditar a sanha clientelista de Lula em escala estadual. Não conseguirá.

Outro caso também nos remete ao jovem e irregular PT. Trata-se novamente de Palocci. Querem nos fazer acreditar que Palocci multiplicou por vinte seu patrimônio. Mentira mais do que cabeluda. O mais provável é que Palocci multiplicou seu patrimônio em muito mais do que vinte vezes. Se for vinte ou duzentos, não faz a menor diferença. E tem dois tipos de idiota que estão esperando as tais explicações do futuro ex-ministro (de novo). O primeiro é o que acha que as tais explicações realmente existem e o segundo é aquele que acredita na hipótese de que elas possam convencer.

O que há de comum entre Tarso e sua volúpia arrecadatória e Antonio Palocci e seu toque de Midas, além de serem do PT, é a recidiva tentativa de contrariar a terceira Lei de Newton, imaginando um mundo onde não há reações iguais e contrárias às suas incúrias. Cada um terá seu troco. Tarso terá de correr e inventar um projeto de governo que preste e Palocci terá de ser muito mais criativo do que visitar a família Marinho com sangue de um simples caseiro nas mãos.

Portanto, onde se lê "projetos de lei para aumentar a arrecadação", leia-se falta total de talento e coragem para mexer nos problemas reais do Estado do RS. E onde se lê "Palocci aumentou em 20 vezes seu patrimônio", leia-se que o Brasil de Dilma vai mal, muito mal.

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