segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dilma, pânico na TV


Quem diria. O maior partido do país não tem uma candidata que consiga sequer elaborar um raciocínio simples sem gaguejar, patinar ou tastaviar diante das câmeras. Quem poderia prever que um partido como o PT, cheio de intelectuais, pensadores, artistas e expoentes políticos teria de entregar o continuum de seu poder a uma candidata que demonstra despreparo, esbanja despreparo e insiste no despreparo para enfrentar uma campanha política que vai comer seu fígado no café da manhã e sua autoestima no jantar.
Sabe aqueles filmes em que o sujeito aparece numa festa com a roupa rasgada? Aquela sensação de constrangimento que faz com que a gente troque de canal por pura vergonha da situação vexatória de uma personagem? Já sentiu pena de uma pessoa que está pagando o maior mico sem saber que está, tipo aquele seu amigo a quem deram um cigarro que explodirá na cara dele em alguns minutinhos? Pois foi a sensação que tive vendo a candidata do PT à presidência da república em mais de uma ocasião na tevê.
Tem gente preocupada com o nível da campanha, com as acusações, os dossiês, os escândalos, por aí vai. Este, felizmente, não será o tom. Tendo Dilma à frente, tudo deve acontecer, menos debate de candidatos ao vivo pelos canais de televisão. Programas obrigatórios gravados, tudo bem. Manifestações lidas, certo. Contudo, debates ao vivo, em rede nacional para todo o país, como diria o comercial do MasterCard, não terão preço. Nem será preciso relembrar o mensalão, os aloprados, a Norma Bengell. Bastará fazer uma simples pergunta e esperar pela resposta. Será pânico na TV em todos os canais, no primeiro e no segundo turno. Se o PT vir com dossiês e acusações bem a seu tipo, bastará uma entrevista da candidata para que o noticiário se encha de pauta e de constrangimento, de vacilações e de incompletudes. Tentando ser popular ao comer letras, plurais e infinitivos, Dilma engole raras idéias, conceitos e conteúdos. Será um deleite.
Entretanto, não admito que me acusem de preconceituoso. Não me importa se alguém não sabe ler ou escrever, nem tampouco acredito que um sujeito como Lula seja menos inteligente do que um Fernando Henrique. Cada um na sua, com seus defeitos e virtudes. Tenho preconceito é para com a mentira, a desfaçatez, a artificialidade de alguém tentanto ser quem não é. Tenho preconceito também, por outro lado, com pessoas que se finjem de idiotas, se finjem de imbecis, tentando me convencer de que o errado é o certo e de que um erro justifica e valida outro.
Arrematando e tentando ser sério: Não me agrada uma adversária que esteja despreparada. É como ver um Mike Tyson em suas últimas e lamentáveis lutas, na companhia solene e permanente da derrota. Se a candidata Dilma não puder ser o produto eleitoral, que seja Vana, que seja Estela, Patrícia ou Wanda. Qualquer um de seus avatares correrá melhor os páreos duros que terá pela frente.

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