sábado, 30 de janeiro de 2010

Ofícios Natalinos


Meu primeiro expediente de Natal vai direto para as páginas de Coletiva.net por um motivo muito particular e que, de certa forma, me traumatizou há dois anos atrás. É claro que todos se lembram da campanha da Bauducco com o menino pedindo silêncio a seu pai para poder ouvir os papais-noéis cantando. Os bonequinhos eram brindes dentro das caixas de panetone. Meu filho de seis anos pediu-me que comprasse o produto – e que todos lá em casa detestam – apenas por causa do bonequinho. Quando abrimos a embalagem, o filho querido, do alto de sua encantada inocência, perguntou:
- Pai, este está estragado. Não está cantando...
É claro que liguei e escrevi para a Bauducco reclamando do que era, flagrantemente, uma propaganda nojenta e enganosa. Depois observar o sofrimento do meu filhote pelo silêncio do tal brinquedo e pela insistência para que eu comprasse outro panetone, decidi levar adiante meus direitos de consumidor e cidadão. Desejando que a Bauducco seja muito feliz (ou que se exploda, tanto faz), fiz os contatos indicados no site e apelei para quem? Para o tal de CONAR (agora eles vão ver...). Sabe o que aconteceu, após correspondência protocoladinha e tudo? Absolutamente NADA.
Portanto, depois de ter achado fio de nylon no meio de um pão da Nutrella e após ter meu troco sempre a menos nos supermercados Nacional (as caixas, quando eu reclamo, dizem "vai fazer falta ao senhor dois centavos?"), decidi que não vou reclamar mais para as empresas. Em 2010, vou criar um blog apenas para registrar estas ocorrências, comigo e com todas as pessoas do universo. O blog será chamado "pesadelodasSACs.com.br".
Antes, porém, faço um pedido de "restituição" e uma solicitação singela. No domingo, fui ao cinema com a família. Optamos pelas maravilhosas salas do Barra Shopping Sul. Chegamos ao shopping (que considero o melhor do RS, viu?) e houve pelo menos 10 quedas de energia. As tais quedas inviabilizaram negócios para vários lojistas e o cinema me devolveu o dinheiro dos ingressos, alegando que não tinha como prestar serviço com aquela instabilidade. Decidimos ir para casa. Fomos validar o ticket de estacionamento e minha mulher se deu conta de que era injusto pagarmos estacionamento, uma vez que o cinema estava inoperante por causa dos mini-apagões. Pagamos, entretanto, pois o único ar condicionado que estava funcionando era o da cabine da moça do estacionamento.
Daí que, ao invés de reclamar para o marketing do Barra (que os lojistas a-do-ram), opto por solicitar a devolução dos meus R$ 3,50, assim como para pedir que o meu shopping preferido adquira um gerador Stemac (propaganda, viu?) para evitar que a gente tenha que perder tempo escrevendo estas linhas ou indo ao cinema que, mesmo possuindo as melhores salas de Porto Alegre, não vão funcionar sem luz.
Vou deixar uma idéia, para não dizerem que "criticar é fácil, difícil é fazer". Sugiro que as empresas substituam suas áreas de ouvidoria por setores de "fazedoria". As atividades seriam ampliadas. Ao invés de apenas ouvir sem fazer absolutamente nada, as organizações FARIAM alguma coisa para atender, se não todas as inconformidades de hordas bárbaras de consumidores, pelo menos os pedidos mais flagrantes e incontroversos de forma imediata. Teria a sigla SACCAL – Setor de Atendimento a Clientes Comprovadamente Abusados e Ludibriados.

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