GLOG
segunda-feira, 30 de abril de 2012
O fator Garotinho
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
“The song remains the same”
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Tédio Boy Marino
Sai Novais. "Novais tarde?". Entra um sujeito chamado Gastão. Sai um ligado a Sarney, entra outro ligado a Sarney. E Gastão será encarregado de economizar, decerto. Dizem que é a Presidente que nomeia e destitui ministros. Balela. Quem nomeia, manda e desmanda, ainda é Lula e o PMDB. O resto é bobagem. A Polícia Federal fez seu trabalho, deu uma limpada boa no ministério do turismo, mas não chegou com sua vassoura até quem suja e mantém sujo o Brasil. É como a faxineira aqui de casa, que finge que limpa. Eu, fazer o que, finjo que pago bem. Estou louco para dar um pé na minha faxineira.
O rombo no ministério dos transportes chega a 700 milhões de reais. Isto não é um rombo. É um buraco negro que nem Stephen Hawking seria capaz de entender, quanto menos enunciar. As causas do buraco são óbvias. Fechar o buraco é impossível. É coisa de país rico, onde dinheiro abunda e as mazelas são todas enfiadas em nossa paciência eterna.
José Dirceu faz lobby em hotel a metros do Palácio do Planalto. Isto é crime de tráfico de influência escancarado. O presidente da Petrobrás visita o amigo Dirceu e não dá a mínima pelota para a mídia. O que aconteceu depois da matéria da Veja? Nada, é claro. E nada vai acontecer. Aliás, aconteceu sim. Dirceu foi desagravado pelo partido, por Lula e Dilma. Não há crime sem cúmplices e não há impunes sem ratos gerindo sistemas republicanos. Este é o retrato. Chorar de raiva é válido. O ódio, diferentemente do amor, é preciso.
Aqui nos pagos, Tarso governa depois de prometer sabendo que não iria cumprir. Bem feito para o Rio Grande. Não vale dizer que não sabia que Tarso não iria cumprir as promessas de dar aumento a professores e brigadianos. Todo mundo sabia que não ia dar pra cumprir. E votaram assim mesmo, agora "güentem". Tarso é também o governador chique, mestre da retórica, mas não da ação. Até agora, nada e mais nada. Quer dizer, tem o DAER, a Operação Cartola, o Natal Luz e outras ações de "faxina", sempre bem vindas. No DAER, o chefe da comissão de investigação, que nada encontrou, virou presidente. Este até agora o resultado: alguém conseguiu uma bela promoção.
Coisa mais chata está ficando esse negócio de ser contra a corrupção. Eu sou contra a corrupção, mas já estou ficando quase a favor. O lado de lá é bem mais divertido, a bebida é melhor, as mulheres mais bonitas, a paisagem é linda. Aqui, contas pra pagar, rotina impoluta, mas filha da mãe. Corrupção, que antes era crime, agora já é tema com gente contra e a favor. Jisuis! Tomara que eu deixe de ser maragato e decente. E Colorado.
Enquanto isto não acontece, vou vendo o noticiário e acho que está certo pegar no pé de vereador passeador. Isto tem que acabar no Brasil. Já pensou se todos os vereadores do país decidem ir a Foz do Iguaçu passear? Quebra o país! E eu preciso justificar minha existência justa de qualquer jeito. Um repórter famoso me xingou de "insignificante". Ele está certo. Depois disto, também vou tratar de arrumar um vereadorzinho pra bater e chamar de meu.
Nossas façanhas, que é bom, ó...
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O blefe surrado do controle da mídia
É batata: Sempre que José Dirceu é flagrado em algo ilícito, lá vem o PT com o papo surrado de regulação da mídia. O partido encontrou uma forma de dar satisfação e sossegar o gerentão das falcatruas, lançando periodicamente o factoide de controle social da mídia ou qualquer coisa que o valha. O PT, no entanto, sofistica-se em suas ameaças. Mais recentemente, questiona com veemência o que ela chama de oligopólio da mídia eletrônica de massa. Quem tem rádio não pode ter TV e quem tem rádio e Jornal que sossegue o pito. E muito mais, sem um mínimo de consistência e sempre discutido a partir de algo muito sujo, escancarado e protagonizado por próceres do partido, ou, quem sabe, antes que algo muito pior seja divulgado...
O blefe agora é o seguinte: Como a Revista Veja não é uma concessão, nada pode ser feito contra ela no estado democrático de direito, a não ser o que hoje é considerado crime contra a propriedade privada. Contra do Estadão, quase a mesma coisa, com a diferença que ela possui uma rádio Eldorado que, se for desligada, nada ou quase nada acontecerá. A Folha de São Paulo, assim como a revista Istoé, também são veículos individuais e independem de concessões públicas. Aí está o caroço de abacate que não passa pela goela do Partido dos Trabalhadores.
Contra veículos não concessionários de licenças de radiodifusão, pouco ou quase nada se pode fazer sem que se queime TODA a Constituição na fogueira escura de uma ditadura. Agora, contra os concedidos, muita coisa se pode fazer, começando por ameaças, o que vem ocorrendo desde janeiro de 2003. O blefe, portanto, agora tende a se sofisticar ainda mais. Continua sendo uma ameaça infame, asquerosa, um desatino de um grupo de pessoas que está caindo pelas beiradas por sua total incompetência e desonestidade. E para piorar, nem oposição o PT possui. Diante desta aberração política nacional, nem ela pode ser culpada pelas cédulas em cuecas.
A estratégia, desta vez, é aumentar o tom da ameaça aos grupos multimídia baseados em redes de rádio e TV, concedidos, portanto. Ao sugerir a uma Rede Globo que seu império poderá ser desmembrado "para bem do povo brasileiro", que um Grupo Record, que comprou a maioria de suas operações ao invés de recebe-las de graça, irá operar apenas esta ou aquela mídia, dois tipos de reação podem ocorrer: alguns grupos poderão se insurgir contra a ideia, engrossando as fileiras das mídias que hoje divulgam os deslizes políticos e outros poderão "negociar" o tema, entendendo aqui tudo que se pressupõe pelo verbo negociar devidamente centrado entre aspas.
Em suma, o PT sabe que pode levar o tema adiante na Câmara e sabe que no Senado também, ainda que com mais dificuldade. Nós já sabemos que tudo isto tem como objetivo pressionar a mídia para aceitar a absolvição de Dirceu, a anistia de Dirceu e a volta triunfal de Dirceu, para executar o projeto de poder do PT que, sem Dirceu, não decolará. Tudo isto é pano de fundo para o PT redimir seu grande líder, chamado pelo Procurador-Geral da República como chefe de uma organização criminosa conhecidíssima por todos como Mensalão.
sábado, 27 de agosto de 2011
Jornalismo “de resultados”
Cena um: sujeito gradua-se em engenharia civil e decide construir uma ponte. Só que, ao invés de fazê-la de acordo com as normas e parâmetros que deveria seguir, decide construí-la de acordo com suas "convicções". A ponte até pode resistir, mas a lógica é o desastre anunciado. Cena dois: Médico se forma e se especializa em oncologia. Seus clientes, com raras exceções, irão sucumbir ao câncer, mas ele decide "eliminar o sofrimento" de seus clientes terminais e encerra suas vidas quando lhe dá na venta. Cena três: Juiz determina uma pena que não consta em nenhum código do país, baseando sua sentença apenas em fatores subjetivos e de acordo com a moral e os costumes.
De imediato, quatro fatores comuns permeiam os exemplos acima: ilegalidade, ética ausente ou distorcida, presunção de impunidade e, por fim, onipotência. Quanto mais exigidos os diplomas e as graduações, maiores as chances do sujeito se investir de forças que não possui, de direitos que não goza, de benefícios que não lhe cabem e de honras que não lhe são devidas.
Agora voltemos a falar de jornalismo, profissão tão importante e que, por incrível que pareça, até hoje se autoquestiona quanto à necessidade de diploma universitário. Não é a primeira vez que menciono que existe o jornalismo correto e o jornalismo que poderia compor uma "cena quatro" deste texto. O jornalismo feito pela Revista Veja no Hotel Naoum neste final de semana possui tudo que não deveria possuir uma reportagem de teor tão importante: Nome falso, mentira, falsidade ideológica, covardia e etc. A matéria, sobre as ligações de José Dirceu com tudo e com todos, poderia ter sido mais bem conduzida, melhor escrita e seus protagonistas até poderiam ser premiados, não tivessem adotado métodos criminosos, ilícitos e antiéticos. É o mesmo que dizer "eu roubo porque todo mundo rouba".
Este tipo de jornalismo por aqui no RS é muito conhecido. E incensado, o que é mais preocupante. Eu não lembro, no filme ou no livro de Bob Woodward e Carl Bernstein, de eles terem adotado práticas ilegais para denunciar o presidente Nixon. Eu li, isto sim, como fez Hitler para criar e fortalecer seu Reich, como fez Goebbels para cooptar milhões de "corações e mentes", tudo em cima de factoides, mentiras e ilegalidades. E aquilo foi chamado de "marketing" ou de "propaganda". Nós sabemos que marketing e propaganda que usam a mentira se dão muito mal. O mesmo se dá quando o jornalismo investigativo é apenas um "suposto" jornalismo investigativo.
Há algumas pessoas que dizem: "Não me interessa o método do fulano, o importante é botar bandido e ladrão na cadeia". Esquecem-se que os tais bandidos e ladrões NÃO VÃO para a cadeia por conta da própria ilegalidade presente no bojo, na gênese da formação da prova. Eu desafio qualquer um a provar que eu estou equivocado. Outros alegam que "... esses caras têm mesmo é que serem desmascarados pela mídia". Novamente erram. Eles têm de ser investigados pelas forças policiais, processados pelo império da lei e encarcerados pela força do Estado.
Não nos esqueçamos, contudo, de que estamos no Brasil de Lula, de Sarney e de Calheiros, de Palocci e de José Dirceu e seus quarentões. Mas se é no Brasil onde os italianos Cacciola e Battisti andam pelas ruas como se fossem gente de bem, é neste mesmo país que precisamos cada vez mais de médicos de primeira, de engenheiros e advogados corretos e de jornalistas que não se deixem sucumbir pela por uma metodologia vagabunda que tanto precisa ser coibida em nosso plantel político nacional.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Vestígios de uma manhã qualquer
Acordei na sexta-feira ouvindo no rádio jornalistas indignados com atos de vandalismo praticados em algumas lixeiras novinhas espalhadas pelas ruas pela prefeitura de Porto Alegre. Ao ouvir o velho e surrado tom "indignado", típico de jornalistas cansados e sem assunto, lembrei-me de uma passagem singela de minha vida de marqueteiro de telefonia. Num determinado momento, inquieto com o prevalecimento das pessoas contra os inocentes orelhões, logo imaginei uma campanha daquelas bem emocionais, pra ganhar prêmio. No roteiro, um cara que teria seu cachorro morto sofria porque o orelhão defronte sua casa estava depredado e o veterinário não podia ser acionado. Depois de tudo, viria a mensagem "Cuide de seu telefone público, você ainda pode precisar dele". Os gerentes da área de telefonia pública pularam e me pediram pra esquecer o assunto, mostrando números incríveis que provavam que quanto mais se falasse em vandalismo, mais os pobres dos orelhões sofriam. Calei minha boca na hora. Pensei, por fim, "era bom alguém pedir pra os ilustres jornalistas arranjarem outro assunto, senão pode aumentar o vandalismo".
Troquei de estação e lá estava o velho viamonense (ou não tão velho), contando o caso da empresa de lombadas de Vera Cruz e seus alegados enormes prejuízos, atuais e futuros, com a tal operação do DAER. Meu palpite desde o início era de que a tal força-tarefa não daria em nada e fiquei a imaginar os esforços editoriais imensos que foram empregados para escancarar a medonhagem. Concluí que se cometem injustiças também com os que chafurdam atrás de justiça. Nosso estado anda meio estranho ultimamente. Coisas se misturando, funções se confundindo. Até já escrevi a respeito. Polícia é polícia, juiz é juiz, jornalista é jornalista. Se uma destas parcelas se achar maior do que a outra, se empresas de comunicação se consideram instituições republicanas (só que privadas), vamos repetir as injustiças, regulamentar a impunidade e ter de criar o "Bolsa Mico" com cartão magnético e tudo. Ainda sobre o DAER, meu pitaco é deixar assim mesmo. Vamos agora deixar o seu Eliseu ganhar algumas licitações, coitado, que ele para de se queixar da vida. Com isto, a CPI desaparece e voltamos ao lema "é melhor DAER do que receber".
Procurei em tudo quanto é jornal e nada sobre a Operação Cartola. Só o último guardião Políbio Braga repercute – e com razão. De resto, sumiu como que por encanto. Foram buscar lã e saíram tosquiados. Se o próprio Cartola soubesse que seu nome seria usado para a coisa, certamente pularia no cangote do autor da tal "operação". De novo, resultado mesmo só o nome de oito prefeitos na mais pura e fétida merda. Reeleição? Só se Cucuia virar município. Agora, se a ideia era passar pavor para a prefeitada, a "operação" foi um formidável sucesso. O resumo, no entanto, como diria um amigo de nome Wladimir Lenine Lattuada, é "muito mais ovo do que aplauso".
Minha manhã terminou com a informação de que no aguardadíssimo depoimento, Paulo Feijó teria negado veementemente, diante do juiz, tudo que a Luciana Genro dissera em entrevista coletiva no passado recente. Em resumo, ele disse que nada era verdade, que a filha do governador havia mentido. Desliguei o rádio. Fico constrangido com a mentira. Não deve ser nada fácil lidar com essas coisas em casa.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Pororoca (Ou, como política e publicidade podem criar um coquetel fatal)
Publicidade não é a arte de dizer a verdade. Não tem esta obrigação. Esta incumbência, a priori, deveria ser da imprensa. A publicidade ainda pode chamar cigarro de "raro prazer". A imprensa, esta sim, noticia eventuais safras recordes de fumo, ou a implantação de uma fábrica que gerará centenas de novos empregos, assim como os efeitos nocivos do fumo no organismo. Deveria ser desta forma, pelo menos. Este é o principal motivo pelo qual, tradicionalmente, as redações não estão na mesma sala onde operam os executivos de venda de mídia. A publicidade pode ser séria, sim. Todavia, nem sempre o é. Nem a imprensa é sempre assim tão séria e responsável. Deveria ser.
Em um veículo de comunicação, o ideal seria haver uma nítida separação entre o que é editorial e o que é publicidade. Nem sempre é o que acontece. Personalidades tidas como de alta credibilidade, do alto de seus quase cinquenta anos de microfone, ainda tratam funerárias como "minha funerária preferida" (tão tétrico quanto falso). Já uma concorrente da tal funerária preferida faz seu marketing declarando-se que "nem parece funerária". Está tudo errado, tanto nas agências, nos estúdios quanto nas funerárias.
Entretanto, a publicidade acabou encontrando um substrato úmido e quentinho nos jardins da incensada política. Nada de novo. Afinal, vender um político ou uma gestão pública é o mesmo que vender uma marca de cigarro, certo? Pode até dar certo prazer, mas pode matar. O que mais se destaca na observação de um repetitivo conjunto de problemas envolvendo a publicidade e os políticos é o lugar-comum que existe entre as duas atividades. E este lugar comum chama-se a "desobrigação de se dizer a verdade". Publicidade não é o discurso da ética, nem da moral e nem dos bons costumes. A política no Brasil também não se preza pela verdade e pelo culto a valores éticos. Política e publicidade são fenômenos separados que, quando se unem, podem gerar enormes enganos. Lembremos Fernando Collor, o caçador de marajás, e do Fome Zero, de Lula. Dois "produtos": um candidato viril e destemido nos foi vendido e não nos entregaram. Já o outro "produto", o Fome Zero, já está morto e enterrado, não sem antes guindar seu antigo gestor à presidência da FAO. Exemplos abundam.
Política e publicidade, juntas, precisam ser muito bem controladas, para que ambas fujam o menos possível da verdade. Marcos Valério inaugurou um sistema evoluído de relação entre política e publicidade que foi um coquetel de nitroglicerina pura. Baseava-se no fato de que, haja o que houver, a impunidade garante a continuidade. Exageraram na dose e o petardo explodiu no colo de robustos petistas.
Este assunto é imenso. Dizer a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade é por demais complexo. Se ao menos os políticos falassem a verdade, se fossem mais honestos, obrigariam empresas, empreiteiras e agências a serem menos inverídicas. Se houvesse mais honestidade na política, teríamos mais honestidade na publicidade. Se tivéssemos mais ética na gestão pública, teríamos mais ética nas relações com qualquer tipo de fornecedor.
Política e publicidade podem se unir como salitre e enxofre. No pavilhão da impunidade, no entanto, podem ora criar fugazes fogos de artifício, ora verdadeiras bombas de efeito imoral.